Gostei do jeito dela. Mexe os braços com
serenidade, meneia os cabelos com naturalidade. Não parece querer impressionar, e seu cabelo parece macio, liso, fresco e perfumado. Está longe para eu
poder afirmar tudo isso, e não a conheço para poder experimentar com o tato,
com a mesma delicadeza que ela tem. Seus olhos são claros. Azuis.
Um
homem para na sua frente e ela recusa com gentileza e sorriso no rosto.
Era o garçom oferecendo alcatra malpassada. Tão vermelha quanto o batom nos
lábios da moça. Vai ver por isso que ela não aceitou uma fatia.
Seu
olhar é penetrante, petrificante. Ela me notou. Não desvio a atenção. Só um
pouco, de vez em quando, para não assustá-la. Eu sei que eu não sou capaz de
fazer mal a uma mulher, mas ela não sabe disso. Suas amigas conversam com ela,
ela conversa com elas.
Uma
mulher para na minha frente e me oferece maminha. Não, obrigado.
Ela
me fita por um instante. Está de camisa branca. É loira de pele bem branquinha.
Gostaria de saber o seu nome. Gostaria de ter o seu número de celular. Ela se
mexe como se estivesse bêbada, mas toma suco de laranja. Ou colocaram algo na
jarra, ou ela é maluquinha mesmo. Ela come com mais cautela, já que sabe que eu
a observo. Espero que saiba, pois virou o corpo levemente para a minha direção.
Tem
outra, na outra mesa, bonita também. E mais uma, atrás dessa, em uma mesa
diferente. É mais bonita ainda. Mas não quero saber destas, tenho a intuição de
que eu me daria muito bem com a loira da pele clara. Ela olha para mim de
volta. Sorrio para ela, e a moça me devolve o sorriso. Tento ser sensual do
jeito que posso. Inclino a cabeça, pareço um idiota. Ela volta a falar com as
amigas e abre a camisa um pouco, mostrando o decote que tem, da peça azul que veste
por baixo. Tem belos seios. Eu gostaria de saber o que ela gosta de fazer nos
tempos vagos. Ela é um encanto.
Levanta,
rindo. Ouço a sua risada, de longe e vai ao banheiro. Não parece estar bêbada
mesmo, é só o jeitinho dela. Gostei do jeito dela. Gostei dela. É bonita,
charmosa, meiga, gentil, sensual. Eu podia ir atrás dela, agora, talvez este seja
um convite para eu saber o seu nome. Simples, legal, notável, tranquila,
segura. Caminha com graça, naturalidade, calça jeans colada. É toda natural e graciosa. Seu corpo
pede por um abraço afetuoso e por um carinho no pescoço. Seu sorriso suplica um
beijo quente, longo, lento, envolvente e um cafuné com a ponta dos dedos. Uma
massagem improvisada na nuca, enquanto a outra mão acaricia a sua cintura. As
coisas se desenvolvem a partir daí com os lábios tocando a sua pele em locais
vulneráveis.
Ela
volta às amigas e eu não me mexi da cadeira. Ainda está sorrindo. A moça, não a cadeira.
É
espontânea, de modo que pede para tirarem uma foto. E tiram esta e mais
algumas. Sorri. Não é forçado, é sincero. Não há nada mais sincero que um
sorriso de um anjo. Não há nada mais inocente que um riso jocoso. Não há nada
mais puro que uma pessoa delicada. Não há nada de errado em demonstrar
compaixão por quem não conheço.
Isso
deve ser amor.
Mas
estou satisfeito e não aguento mais comer.
Espero
que nossos caminhos se cruzem, outro dia.
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