Apesar de o que me talhou a carne,
O pesar perene nas costas arcadas;
A vida a pisar sempre em mim; Continuo
A pensar que jamais mudarei meu cerne.
Além da autoflagelação que arde,
Alguém me metralhou as costas... Mas nada
Atém-me ao solo, pois eu iço voo –
Assim almejo ficar; no ar e leve.
Ainda que a dor tenha sido extrema,
A ida sem o ardor da decepção
Haveria de ser bem decepcionante:
Eu veria a vida via outra lente.
Não obstante minha chama estar acesa,
Num instante um sopro fraco a faz dançar...
Nem que coloque a mais resistente algema,
Nada é bastante para me segurar.
Diamante fulgura e retém beleza;
Duro, porém frágil; gema metaestável,
Mas que perdura. E quando lapidado
Mais desejável e impressionante se torna.
A vida é o que se passa entre o lapidar e a lápide.