domingo, 22 de julho de 2018

Nulo


Está tudo bem, meu querido,
Você está apenas cansado
Das coisas da vida, daquilo
Em que você pensa direto.

Relaxe, meu bem, ela já vem,
Visitá-lo em seus sonhos doces,
Com um beijo acordá-lo à vida;
E assim voltará a ter ninguém.

Meu nenê, não fique assim, abatido.
Você é tudo para mim, entende?
Uma pena que sequer eu existo...

Eu pensei em abrir o seu peito aqui,
Contudo isto seria redundância,
Visto que você está exposto ao mundo.

Amorzinho, não há por que ficar assim...
Com tudo isto aí em sua consciência...

Ouça música, seja uno com o vazio.
Sua vida é única, acenda seu pavio.

E aguarde seu tempo chegar bem devagarinho.

No final você vai estourar e estará sozinho.

domingo, 8 de julho de 2018

Coração de Poeta IX


É tempo de retomar essa saga,
Botar os dedos a baterem nas teclas
E ver o que meu interior quer me dizer.
Estou tentando voltar ao ritmo dessa praga
De vida que parece ser eterna;
Igual a antes de eu ter morrido eu quero ser...

...Ao meu estado do passado,
Quando eu não achava que estava errado
Em fazer o que desejava fazer...

...E agora só dou de cara em paredes,
Às vezes de propósito, às vezes por acidente;
O problema é que não sei diferir qual é qual,
E nessa tortura fico a me ferir até o final.

Mas, agora, voltemos à poesia:
Fazia muito tempo que eu não escrevia
Algo para o “coração de poeta” –
Tanto que nem lembro qual é o número atual;
O número ordinal desse ensaio sobre sentimento
Que eu espero que ninguém entenda...
(mas preciso que entendam) –,
Então eu perdi a manha de elaborar essa coisa
E passar ao papel virtual os meus devaneios
Confusos e atormentados...

Será que eu só sei falar disto?
Será que minha vida se resume a isto?
Será que eu existo por fora de mim?
Ou eu só vivo por dentro?
São questões que não interessam a ninguém...

Quanta exposição, aqui!
Só que é assim mesmo que funciona
O tal negócio do “coração de poeta”,
Que está mais para “coração de idiota”,
Que vive batendo a testa
Nos obstáculos da vida,
E assim criando mais feridas
E escancarando as chagas antigas
Na luta ao desejo simples, mas impossível,
De encontrar alegria.

Era só isso o que eu queria...


sexta-feira, 6 de julho de 2018

Só lhe dão...


Mania de esperar poesia
Daquilo regrado pelo caos;
Em meio à orgia dos acasos
Procuro uma centelha de amor.

A magia em seu berço esplêndido
Hiberna eterna em olhos infantes,
Distantes num período recôndito
Onde e quando havia o amar.

Nalgum ponto infinitesimal
Do oceano vermelho vibrante
O enleio carmesim da bomba
Em meu peito afogou-se em rubra
Densidade de dor abissal.

Prosseguindo abaixo às profundezas,
Covil das mais baixas impurezas,
Dou-me à esperança final,
Almejando por uma estatística
Mística e boa de viver.

Todavia, quem se doa se doi,
Todas as vias levam ao destino
Equivalente ao outro que não foi,
O qual afirma que não existe “nós”,
Mas apenas vários nós na aorta
Num mar subterrâneo de solidão.

Lá embaixo se fecham todas as portas,
Sobrando somente eu e a pressão
Dos fatos entornando meu coração,
Tomando à força a liberdade de ser,
Privando-me de ter qualquer emoção,
Exceto aquela que me forçam a tomar:
A única a se esperar no mar de solidão.