segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Coração de poeta VIII

Estou tentando fazer poesia
Para buscar alguma alegria,
Mas só saem rimas fajutas
E pobres.

Estou tentando me esforçar,
Mas não consigo pensar.
Não consigo sentir
As estrofes.

Estou tentando melhorar,
Para ficar mais palatável
Esta poesia
Desagradável.

Estou tentando usar palavras melhores,
Mas repito demais,
Ignoro sinônimos.
Rimo e escrevo que nem um mentecapto, e às vezes nem rimo direito.

Olha só, fiz um verso maior que o comum,
Tentando me esforçar pra fazer algo incomum,
Tentando chamar a atenção da alegria,
Tentando melhorar o dia,
Mas só conseguindo rimas ridículas,
E estou usando muito o verbo “estar”,
Cujo sempre achei ridículo,
E agora estou repetindo adjetivos além da conta,
E, de volta, quase que estourei a cota do aceitável da métrica do verso,
E eu acabei de fazer isto de volta,
Só que foi de propósito,
Somente pra chamar atenção...
Sempre pensei que eu fosse especial...
Usei reticências pra expressar solidão...
Não me lembro de ser tão vulnerável...
De ser tão desagradável para mim mesmo...
De exagerar nas reticências e de repetir as palavras...
Infindavelmente.

Olha só, usei um advérbio,
Fiz uma coisa diferente.
As coisas mudarão de agora em diante.
Pena que perdi a vontade de escrever.

Termine com um verso que termine com um verbo que termine com er