Todo dia, o dia todo, noite e dia, eu penso nela.
Meus dias são um ponto de interrogação. No início eu tento contornar o assunto,
mas acabo em linha reta em direção ao mesmo ponto. Todo dia. Ela não deve
pensar em mim, não apareci demais e nem muito. Mas tem algo nela que me prendeu não só a atenção. Ou a sua personalidade, ou as suas curvas do corpo, ou as suas
curvas do rosto, ou a sua pele macia, ou a sua energia, ou uma combinação de
muitos fatores.
Mas eu sei que, por pior que
possa parecer, eu poderia estar pior. Eu sei que é melhor eu ficar sozinho
comigo a ficar sozinho com ela. Eu sei como pessoas como ela são, e eu sabia
que não devia me envolver. Não sei o que será de mim. Eu sei que isso passa,
mas ao mesmo tempo não parece passar. Estou cego e ciente da minha condição,
todavia insisto em acreditar apenas naquilo que vejo e não no que sei que é
verdade.
Na verdade, estou vivendo apenas
o que me parece ser real, e o real mesmo é apenas uma teoria para mim. Eu sei
que esse sentimento não me faz bem, que esse amor intangível só me corrói, de
longe. E ao mesmo tempo tão perto. Aos poucos. Tudo de uma vez só, de cada vez.
A história se repete inteira e inteira e inteira. E, mesmo assim, continuo
nessa insanidade que é insistir em algo que, por experiência própria, sei que
não tem futuro.
Fiz um laço bonito nela,
delicadamente, e amarrei esse laço com toda força em uma corda. Na outra ponta
desta corda tem um anzol que finquei em meu coração. Para eu não me ferir mais,
para que o anzol não me dilacere, eu corro atrás dela. O mais sensato seria eu
cortar a corda, mas não tenho a ferramenta certa. Eu sou todo de teoria e nada
de ação. Embora eu tenha agido com ela mais de uma vez – e mesmo assim ela não
sinta minha falta, o que é extremamente normal – eu criei algo extraordinário,
ou algo do gênero cresceu em mim. Só sei do que sei no momento, e não sei se
posso confiar nisso. Sou todo volátil e nada sólido. Inconstantes pensamentos,
incessantes sentimentos.
Naquela cama. Naquele quarto.
Naquele lugar caro.
Eu entrava nela de um jeito e
ela em mim de outro completamente diferente, senão completamente melhor. Ou
pior, dependendo de como você vê as coisas como estão agora. Em meio àqueles
beijos e carícias que me tocavam a superfície e o âmago, eu me perdia no espaço
e no tempo. Junto àquela energia e fragrância que me invadiam por completo toda
vez de uma vez só, e por várias vezes. Perdi as contas de quantas vezes
balbuciei o nome dela na minha cama. No meu quarto cheio de memórias das quais
não posso escapar.
Todos a chamam de prostituta, de
meretriz, de puta, ou, eufemicamente, de garota de programa. Não importa o nome
que conferem à mulher, a ideia é a mesma sempre. Para eles ela é uma garota de
amor, para mim ela é um amor de garota. Eu gostaria que aquele laço bonito que
eu fiz não fosse uma metáfora, e não fosse apenas um laço, para que todos
pudessem enxergar ela com outros olhos, mesmo que superficialmente. Afinal,
eles são todos superficiais e se entregam de carne. Eu me entrego de alma.
Eu a quero e a amo. Todos a
têm e ninguém a ama.
Eu não tenho esperança, apenas
espero.
Pelo menos eu emagreci alguns
quilos.
Eu adoro os textos que você escreve *-*
ResponderExcluir