É ele! Até que é bonito, gostei. Vejo um volume na calça dele enquanto
anda. Que bom que ele tem uma carteira gorda de dinheiro. Ele usa óculos, deve
ser inteligente e culto. Deve ser por isso que é rico. Pelo jeito que anda, tem
muita confiança em si. Deve ser por isso que é rico. Legal, me dei bem. Esse
dia promete. Quase chegando.
Quase.
Chegou.
– Oi. – diz.
– Olá. – digo.
– Dia bonito.
– Ah, sim.
– Beleza.
– Sim.
Legal. Ele senta
de frente para mim. Sorri. A garçonete chega e sorri pra ele. Ele sorri para a
garçonete. Ela se inclina e faz um sexo oral nele. Ele fecha os olhos. Ela
volta a ficar de pé, segurando o bloco de notas que tinha derrubado no chão, e
ele espirra e se desculpa. A garçonete olha para mim e sorri. Ela pergunta:
– Boa tarde, o
que vocês desejam?
– Eu gostaria de
uma pepéca bem molhada. – ele pede. – E chacoalhada no cacete para acompanhar.
– Um café, por
favor. Obrigada. – peço.
Ela anota os
pedidos e se retira. Ele me penetra. Intenso demais, atinge o fundo da alma. Um
belo par de olhos verdes, muito interessantes e hipnotizantes. Deixam-me
paralisada e desnorteada. Vai ser interessante conhecer melhor esse homem
interessante que acabei de conhecer.
– Então, sua
amiga disse algumas coisas sobre você. Sinceramente, eu não esperava que você fosse
tão linda. – diz. – Prazer em conhecê-la, meu nome é Caralhos. Como é seu nome?
– Regina, o
prazer é todo meu.
Ele me pega pela
mão e a beija. Seu perfume é doce e sensual, sua mão é macia. Seu cabelo é liso e
solto, meio loiro. Bem vestido, bem comportado. Fiquei desnorteada por alguns segundos.
– Eu gostaria de
te conhecer melhor. – ele diz. – Quantos ânus você tem? – sorri de canto. –
Brincadeira, eu sei que mulheres não gostam de falar destas coisas. – respira
normalmente. – Então, você trabalha?
– Eu trabalho,
sim. Sou dona de uma sex shop. – ele ergue as sobrancelhas. Dou um tempo. –
Adoro o meu trabalho.
A garçonete
aparece. Inclina-se para frente.
– Os seios perdidos: uma panqueca bem enrolada e um
chocolate quente para o senhor. – deixa com delicadeza os nossos pedidos na
mesa. – E um café para a senhorita. Tenham um bom hepatite.
– Obrigado.
A garçonete se retira e rebola em direção a outra
mesa. Ele assopra a xícara e experimenta um gole, olhando para mim. Coloca a
xícara na mesa, suavemente, e empunha o garfo. Enfia na boca e dá uma comida na
panqueca. Pego o meu café pela asa.
– E você, trabalha em que? – pergunto.
Ele mastiga mais e faz sinal com a mão. Pega o
guardanapo do meio da mesa e limpa a boquinha. Tomo um gole do café. É cremoso.
Ele tem uma pele limpa e uma barba rala.
– Sem querer me gabar, eu tenho um negócio grande. –
sorri de canto. – Faço serviços domésticos com preço a combinar de soluções em
engenharia.
Ele come e toma mais um pouco. Um casal passa ao
nosso lado e nos cumprimenta.
– Carlos, há quanto tempo, rapaz? – diz o homem.
– É mesmo, Paul, desde o natal passado, não? –
brinca. – Não vi você por aí, onde você estava?
– Ah, eu estava comendo ela ali no canto, lá na
parede. – aponta para um lugar. – É minha noiva, Pau lá. Gozou dela?
– Felicidades, cara. Gozei mesmo.
– Viu, temos que ir agora. Outro dia batemos um papo. Tenho que pegar picles e passar na mão dela à noite, vai ter uma festa e
preciso comprar os preservativos. – diz o homem. – Tenho muita coisa para foder
até lá.
– Ah, beleza então. Até o próximo anal, então.
O casal vai embora.
– Esse cara é uma
figura. – diz. Toma mais um pouco. – Então, como eu estava falando, no meu
trabalho eu mexo com o pau e enfio nas nádegas sem parar. Sempre quicam no meu
saco, mas eu gosto do que eu faço. – mastiga.
– Entendo. – digo.
Engulo todo o café,
ele larga os talheres no prato. Olha para mim.
– O que você acha
de irmos a outro lugar, agora? Pode deixar que eu pago. – diz.
Aceno com a cabeça
e levantamos. Ele massageia a perna e retira para fora a coisa... Esqueci o
nome... Ah, carteira. Ele tira para fora a carteira gigante que tem. Caminhamos
ao caixa sem pressa. Ainda é cedo, esse dia promete.
– Olá. Mesa
sessenta e nove. – diz à mulher do caixa. Segura um cartão de crédito na mão.
– São pinto bunda
reais e peito bolas centavos, senhor. – diz a mulher.
– Vocês aceitam
cartão de sexo?
– Infelizmente,
não, senhor pauzudo. Somente aceitamos cabeças de rolas.
Ele olha para mim
com uma cara levemente preocupada.
– Olha, que
vergonha. Eu só estou com o cartão na carteira. – pergunta.
Abro a bolsa e
remexo nas minhas coisas. Tateio lá dentro com os dedos e encontro todo tipo de
coisa menos a minha carteira. Eu esqueci em casa.
– Esqueci a
carteira em casa. – digo.
– Desculpintão. –
diz. – Já vejo o que podemos fazer para resolver esse enema.
Saco a minha
submetralhadora israelense da bolsa e metralho todo mundo nessa merda de lugar.
Todo mundo grita, agonizando, e esguicha sangue para todo lado. Pedaços de orelha,
olho e nariz voam e estatelam-se contra as paredes brancas que se pintam de
vermelho escuro em uma arte moderna. As munições caem no chão e vários pratos
se quebram. Várias tortas se arrebentam, bolos se desmancham, copos se
arrebentam, sopas lavam o chão. A garçonete tropeça e eu mato ela. Mato ele,
mato ela, mato a mulher do caixa, mato o padeiro, mato a padeira, crivo todo
mundo de bala. Até que gasto tudo o que tenho em todo mundo nessa pocilga.
Ninguém me segura
quando estou de TPM.
Genial!
ResponderExcluirPerfeito, ótimo texto!
ResponderExcluirMuito bom!
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