Preste atenção. É uma história séria, real. Logo, não há
final feliz. Não ria.
Era dia de promoção, e eu
estava de férias. Comprei açúcar, pão, sal e todo tipo de porcaria. Pensei em
comprar um colchão, mas não comprei. Encontrei minha boa e velha professora,
Célia. Tinha rugas, mão, salto e todo tipo de porcaria. Eu disse que queria
comprar um colchão, mas decidi economizar. Ela riu à toa, antes disso, por ter
me visto. Ela comprou frutas, mamão, tomate e outras porcarias. Ela disse que
eu era um moção. Eu disse: azar. Ela riu da broa, antes disso. Estava mofada.
Ela disse para eu me cuidar. Que mulher retardada.
Saindo do mercado, fui direto à
rua. Quase fui atropelado. Era uma perua. Pensei: hoje é meu dia de sorte, me
livrei da morte. Apalpei minha bunda, eu tinha certeza de que tinha perdido a
carteira. Mas eu estava errado. Catei meu sapato, do outro lado, na outra
quadra, na calçada. Lá passava uma vagabunda. Era um travesti, eu estava
errado. Tinha volume no saco, cara quadrada, perna peluda. Enfim, fiquei com
ânsia por ter olhado aquela bunda.
Entrando na loteria, tinha
aquela fila. Coloquei o saco no chão, o de salame, salsicha e pimentão. Tirei o
outro da mão, o de maionese, mostarda e pimenta. Açúcar, pão e sal tinha no outro saco que
restou. Um tanto quanto estranho, era um guarda. Ele era corcunda, fiquei
olhando para sua testa. Tirei um ranho, joguei no chão. Mas que falta de
respeito, disse o guarda. Eu disse: não. Tinha muita gente. Uma mulher, na
minha frente, com muito peito. Eu disse: silicone? Ela disse: não. Fiquei
contente. E tinha um homem ali perto, com olho de vidro, pêlo de ouvido, não
parecia inteligente. E, como depois descobri, não era mesmo esperto. Ele
gritou: tenho uma arma aqui, deixe-me passar adiante. Mas, realmente, ele não
tinha cara de meliante.
Chegando minha vez, com cartelas
na mão, me senti muito sortudo. Marquei: um, dois, três com quatro, cinco e
seis. Porque não há uma melhor combinação. É questão de probabilidade: é a
mesma para tudo. Por algum motivo, eu pressentia algo grande. Verdade, aquele
dia não era normal. Preenchendo, senti algo duro. Era um cara sacana. Ele
disse: passa a grana. E chutou meu sal. Ele estava armado. Não, não era aquele
retardado do olho de vidro. O homem gritou, e foi no meu ouvido. Isso não foi
legal. Passem a grana, ele gritou. Puxou-me pela gola. Foi acidental, apertou
o gatilho. Por fim, ele correu. O tiro atravessou meu rim e acertou meu pau. E
a bala se perdeu na minha bola.
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