segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Efêmero 2


Nós dois éramos uma bolha de sabão:
Leves, coloridos, guiados pelos ventos;
Voávamos no nosso tempo, sem direção.
E, como a bolha, o que tínhamos era tênue.

O estouro espontâneo pareceu explosão,
Nossa história se separou em várias gotículas,
Meu coração se desmanchou sem sua coesão.
Vendo-a esvaecer, chora o ingênuo bebê.



E era uma bolha perfeita, porém efêmera.
Era minha pessoa preferida e se foi.
Ao mundo mostrávamos nossa linda película,
Mas era tudo leve, pois era tudo oco.

Depois de você a vida jamais é a mesma,
Minha melhor parte partiu contigo, se foi...
Meu mundo destruído, uma dor que não finda
Vai me consumindo e aos poucos vou ficando louco.

Cada bolha é um microverso, um verso da vida;
O inverso do universo, que se expande pra dentro;
E não há mais aonde ir quando se chega ao centro.

Assim como o Big Bang, o estouro foi o começo
Dum novo universo, grandioso e incipiente,
Que concebe uma nova realidade inocente.

No vácuo deixado em meu imo vem outro pedaço,
Doado por outro amor, nova possibilidade.
Outra história ganha forma – um conto diferente.

A bolha evolui e me envolve. É gigante e bela.
Sem receio eu me perco nela, em seu vasto espaço.
A brisa me abraça. E eu nunca mais pensei na gente. 

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