sexta-feira, 6 de julho de 2018

Só lhe dão...


Mania de esperar poesia
Daquilo regrado pelo caos;
Em meio à orgia dos acasos
Procuro uma centelha de amor.

A magia em seu berço esplêndido
Hiberna eterna em olhos infantes,
Distantes num período recôndito
Onde e quando havia o amar.

Nalgum ponto infinitesimal
Do oceano vermelho vibrante
O enleio carmesim da bomba
Em meu peito afogou-se em rubra
Densidade de dor abissal.

Prosseguindo abaixo às profundezas,
Covil das mais baixas impurezas,
Dou-me à esperança final,
Almejando por uma estatística
Mística e boa de viver.

Todavia, quem se doa se doi,
Todas as vias levam ao destino
Equivalente ao outro que não foi,
O qual afirma que não existe “nós”,
Mas apenas vários nós na aorta
Num mar subterrâneo de solidão.

Lá embaixo se fecham todas as portas,
Sobrando somente eu e a pressão
Dos fatos entornando meu coração,
Tomando à força a liberdade de ser,
Privando-me de ter qualquer emoção,
Exceto aquela que me forçam a tomar:
A única a se esperar no mar de solidão.

2 comentários:

  1. Linda poesia,me identifiquei♥️

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  2. A melancolia e a solidão desse poema combinam comigo, simplesmente incrível

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