terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A grande conquista

Um dia grandioso na vida de Joãozinho,
Pois hoje nosso heroi cumpriu o que prometera
Ao seu falecido, jamais esquecido, paizinho;
João beijou o glorioso beiço da vitória.

Joãozinho sentiu poder correr pelo seu imo,
Desde o momento em que pôs dedo em seu canudo;
“Agora, me formei em História”, pensou consigo.
“Bacharelado, não licenciatura”, pensou nisso.

Sob turbilhão de ovações e emoções fortíssimas,
Abraçado ao diploma, se satisfez na vida.
“Agora, posso morrer em paz”, falou em voz alta.

Inadvertidamente, um grandioso cometa
Acometeu o planeta, partiu-o pela metade,
Sem dó nem piedade, tampouco com misericórdia,
Dividiu por dois o centro geométrico da Terra,
Derrotando as pobres e coitadas vidas terrestres;
Destruindo desde pessoas a morangos silvestres,
Derrocando os sonhos heróicos de todo mundo e
Fragmentando o mundo numa miríade de
Gloriosos pedaços de terra e oceanos e
Ignorando vírgulas e o novo acordo ortográfico
E brincando com a métrica deste poema com
Imensa massa e energia cinética e por isso
Nenhum leitor sobrou para ler esse belo negócio,
Pois não sobreviveram ao atentado terrorista
Enviado pelo dedo de Deus nem um puto gameta.

E a vida prosseguiu no cosmos, sem nenhum problema.


Aproximadamente cem por cento dos espécimes humanos pensava em sexo logo antes de serem obliterados da existência. Exceto Joãozinho, o exemplo, o bom moralista, o de mente límpida, o impecável exemplar de humanidade, O Incorruptível, o orgulho do papai esquelético, que só pensava em seu canudo naquele momento que não teve nem tempo para virar lembrança.

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