sexta-feira, 8 de julho de 2016

Reticências

Caminho por ruas em tons de branco e preto.
Tão perto de mim estão aquelas histórias,
Duma época colorida de outrora,
Mas tão distantes no tempo que não alcanço.

Parece que foi noutra vida. Outro eu.
Tudo o que tenho são memórias singelas
Desfocadas. Meu eu morreu, renasceu tênue.
Não consigo lembrar as cores, mas as sinto.

Sem pressa vago nas ruas do coração,
Só eu comigo mesmo. Dou-me minhas mãos
Para não andar sozinho na nostalgia.
Tento reviver, mas não consigo. Não devo.

Ações são transientes, emoções persistem.
Morei a minha infância naquela casa.
Aquela casa morou na minha criança.
O ar era muito mais leve no passado.

Uma canção sem letras, doce e esquisita...
Suas lindas palavras há muito esquecidas...
O ritmo estranho perdeu-se na estrada...

Cada momento jamais voltará pra mim...
Minhas risadas costumavam ter mais som...
Fui quem eu era, vivi quem eu fui um dia,

Agora eu sou quem eu sou assim. Um eu.
Só queria poder renascer no passado...

Impossível. Ficarei preso no presente.
Vivendo e mudando pra sempre até o fim.

Saudades de mim.

Surreal.

...


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