Veja bem, meu nome é Rogérioberto. Sim, é um nome
bem incomum, mas é uma mistura de dois nomes bem comuns. Enfim, esse aspecto
não é relevante em nada na minha vida. Embora tenha sim sido decisivo nas
surras que eu levava quando era criança. Entretanto, hoje isso já não faz mais
(tanta) diferença nas surras que levo. Portanto, eu vou continuar esse relato
sem ao menos tocar em assuntos referentes ao meu nome um tanto raro. Não raro
como uma joia, pois joias têm valor. Enfim, porra, vou começar o relato. Porém,
antes de tudo, irei dizer que tenho 24 anos e que essa idade me assusta por
algum motivo e que gosto de insetos. Pronto, falei. Isso é irrelevante, mas o
importante é que eu falei.
Então,
eu gosto muito de uma mulher que vive me provocando. Eu tenho até medo dela (e
do que não tenho medo?), pois acho que ela vai ficar pisando em mim para todo o
sempre, embora eu a ame além da compreensão humana... Admito que exagerei
agora, mas o medo é real mesmo e eu a amo mesmo, e digo isso de coração. Do
fundo desse coração sincero, honesto e injustiçado. Tenho medo de amar ela mais
do que a amo e acabar morrendo porque o meu coração, eventualmente, se partiu
brutal e repentinamente – como uma bexiga esfaqueada (como uma cabeça
massacrada por um elevador em queda livre). Isso que falei pode ser uma
metáfora ou não. Isso é irrelevante, mas eu falei mesmo assim.
Prosseguindo,
eu odeio um cara lá que gosta dela (perfeitamente normal esse tipo de
sentimento, mas nada pessoal contra o rapaz). Um dia eu o vi se agarrando com
ela na frente dos pacientes (numa porra duma clínica de ortopedia, eu trabalho como um merda qualquer lá), na sala de espera. Os pacientes
ficaram abismados e um retardado mental com problema na coluna começou a se
masturbar na frente de todos, não que isso seja um fato necessário,
interessante ou excitante. Aliás, é um pouco interessante, contudo não chega a
ser essencial. Tampouco excitante.
Uma
gorda me ama demais. Ela me deu todos os seus doces para mim (e isso é um
sacrifício enorme para um gordo ou gorda) e toda a sua lancheira farta também
(sim, ela usa uma lancheira e isso é broxante – não que o corpo dela não seja
suficientemente broxante), em um dia de trabalho. É, ela trabalha (trabalhava)
comigo. Eu não quero ela.
Eu
gosto de doces. Eu gosto de salgados. Eu gosto de comidas exóticas agridoces. Não
gosto de cenoura, de xuxu, de pepino e de rabanete. Não gosto de vitamina de
abacate sem açúcar nem de chopp de menta com açúcar.
Finalizando
o meu relato: eu tenho medo de tudo, tenho um coração fraco (literal e
metaforicamente) e no dia do meu aniversário, após um dia lazarento de trabalho
(suando como uma prostituta ao fim do expediente), cheguei em casa e me deram
um susto. Uma festa surpresa. Todos gritaram com o amor do âmago do ser (do
fundo do diafragma) e algum deficiente mental soltou um rojão dentro de casa. A
casa não pegou fogo, mas isso não importa.
Enfim,
eu morri de susto e é só isso que importa.
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